Percorrer os Cenários Panoramáticos desenhados pela Cláudia é um convite para uma viagem que se revela muito prazerosa. Longe da aridez do discurso científico, mas comprometida com as melhores práticas acadêmicas, somos levados a vivenciar a experiência estética produzida pelas narrativas imagéticas, tecidas pela abordagem da dimensão sensível do design. O caminho prepara boas surpresas no modo de fazer design, considerando-o parte de um universo maior, a sociedade, entendida sob o olhar da teoria crítica e da síntese triádica, constituída pela estética, ética e política. Prepara-se, assim, o ambiente textual para abordar as transformações socioculturais na engenhosidade dos processos simbólicos de significação, pavimentando o percurso da imaginação e da utopia. Da percepção, pela interpretação, a utopia é a energia que dá vida à transformação estranha, referencial e fantasmagórica simultaneamente.  Inusitada experiência estética acontece com a passagem pelas cidades americanas – São Paulo, Nova Iorque e Cidade do México – eleitas como lugares preferenciais para visibilizar a experiência urbana do homem contemporâneo.

O reconhecimento da ambiguidade das linguagens naturais e da natureza polissêmica de imagens e sons, leva a considerar na centralidade dos processos de design a relevância dos poligrafismos e das polifonias. A escolha da (re)montagem, da fragmentação e do fazer-se ver como metodologia, não faz senão potencializar a expressão das cidades polifônicas e suas formas de experienciação. O potencial das visualidades, então identificado, ganha plena expressão no desenho das ‘cidades polifônicas’ como forma de narrativa. A narrativa acolhe e organiza todos os valores estéticos, políticos e éticos contidos na processualidade projetual. E o faz do alto de sua simplicidade como forma mais primitiva de o homem se manifestar, ou seja, contando histórias, narrando.

Profª. Dra. Ione Maria Ghislene Bentz